terça-feira, 7 de setembro de 2004

Na festa do avante...

PCP pressiona Presidente a «interromper» Governo

NUNO SIMASOs militantes enchiam ontem à tarde a praça central da Festa do Avante!. Para ouvir Carlos Carvalhas dizer o que os camaradas mais queriam: que o Governo PSD/CDS devia ser demitido quanto antes. O secretário-geral do PCP não pediu directamente a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições. Mas fez questão de lembrar que o Presidente da República - três vezes vaiado durante o comício de rentrée comunista - pode fazê-lo até ao próximo Verão. E prometeu que o partido «continuará a lutar para encurtar o tempo de vida deste Governo para que os portugueses se vejam livres deste pesadelo o mais depressa possível». O pesadelo é a governação de Santana Lopes e Paulo Portas: «incapaz, reaccionária e agressiva.»Muito aplaudido, Carvalhas explicou por que vê vantagem na «interrupção da vida» deste Governo, como já via em Julho, voltando a criticar a decisão «inaceitável» de Jorge Sampaio de não convocar eleições, optando por reconduzir um Governo do PSD e do CDS, após a demissão de Durão Barroso, hoje presidente da Comissão Europeia. Seria uma forma de «reduzir ao máximo os retrocessos e as agressões» da maioria de direita aos portugueses, evitando que se agravassem os problemas sociais no País. Esta posição também significa uma crítica ao PS e Bloco de Esquerda. Porque, explicou, agem como se «o segundo Governo PSD/CDS tivesse de durar inevitavelmente até Outubro de 2006». Ao contrário dos comunistas. E Carvalhas lembrou a Sampaio que o poder de dissolução do Parlamento só «se esgota no Verão» de 2005. Aliás, para contentamento de quem o ouvia na Quinta da Atalaia, o secretário-geral comunista fez um forte ataque às políticas de «pesadelo» da maioria. Em vez de governar, disse, o Governo mais parece dirigir uma empresa de marketing - «a agência Santana e Portas SA»- lembrando a criação de uma «central de informação», a contratação de uma «assessora de imagem da revista Lux». E acusou Santana de promover a sua imagem, ao fazer-se fotografar a ler o Le Monde ou a dizer que trabalha até tarde... Nem os «Conselhos de Ministros itinerantes», como o de Évora, escaparam à crítica e à ironia: «Oxalá que pelo menos dêem que fazer aos restaurantes locais!». De resto, o líder do PCP considera que a política económica de Santana é a mesma de Durão e que a pressa do ministro Bagão Félix de mostrar «o mau curso das contas públicas» serve apenas para se «desresponsabilizar do défice no fim do ano» e continuar o «aperto do cinto» aos trabalhadores. Carvalhas fez ainda uma pergunta: «Será que [o Governo] está a pensar indexar o aumento dos salários trimestralmente ao aumento dos combustíveis?» Como fez com o aumento dos transportes? A plateia gostou e aplaudiu.Ao Presidente, o líder comunista deixou ainda uma sugestão: uma «presidência aberta» sobre as áreas ardidas. Lembrando Carvalhas que Sampaio prometeu que, este ano, «não ficaria calado». O discurso estava no fim. No palco, os dirigentes do PCP aplaudiram. Seguiu-se A Internacional, este ano acompanhada por uma chuva de confetis vermelhos. «Assim, de vê a força do PC», gritava-se. Cumprindo um ritual antigo.
Terça-Feira,7 de Setembro de 2004
Terça-Feira,7 de Setembro de 2004 in Jornal de Noticias

1 comentário:

Doce Venenosa disse...

Olha eu aqui seu Pudim de claras!!!
Beijinho e volta sempre:o))