sábado, 30 de julho de 2005

Só...


E, de repente você se encontra só.
Perde-se na noite que silencia vozes
Esbanja-se em sombras caladas.
Quer chorar e não sabe como
E, num espaço de século de segundo
Você enxerga uma vida vazia
Pra trás o que ficou?
Cinzas...Olha pra frente
E tudo é nada
Abre as mãos
E nada é tudo.
Quer sonhar, amar, afagar

Mas, escapa-lhe um riso irônico
Quer acreditar
Mas tudo se desfez
Ao mais leve toque ou menção
Quer dormir
Mas o sono escapa
Pelas frestas da janela
Quer fingir
Mas sua mente cruel
Continua lúcida
Quer ler
Mas as linhas dançam
Riem pelos espaços
Quer cantar
Mas a garganta emudece
E os lábios cerram-se teimosos
Quer sofrer uma dor profunda
Mas já não existem reflexos
Quer abandonar-se indiferente
Mas o tremor da mão
Revela inquietação
Quer acalmar-se
Mas, no peito,Um coração enlouqueceu
Quer traduzir-se
Mas sua mente
Só dita frases mortas.
Está só...Só!

quinta-feira, 28 de julho de 2005

Eça de Queirós...


Revolta da Maria da Fonte -1846Gravura, M. M. Bordalo Pinheiro, 1846In A Ilu



[O Paula] Detestava os reis e os padres. O estado das coisas públicas enfurecia-o. Assobiava frequentemente a «Maria da Fonte».O Primo Basílio, 1878 stração, v. II, 1846, p. 71BN J. 616 M.


Estava eu a dar uma vista de olhos e eis que me lembrei de colocar aqui esta foto... :o)

Dalai Lama...



"O que mais nos incomoda é ver nossos sonhos frustrados. Mas permanecer no desânimo não ajuda em nada para a concretização desses sonhos. Se ficamos assim, nem vamos em busca dos nossos sonhos, nem recuperamos o bom humor! Este estado de confusão, propício ao crescimento da ira, é muito perigoso. Temos de nos esforçar e não permitir que a nossa serenidade seja perturbada. Quer estejamos vivenciando um grande sofrimento, ou já o tenhamos experimentado, não há razão para alimentarmos o sentimento de infelicidade."


"É através da arte de escutar que seu espírito se enche de fé e devoção e que você se torna capaz de cultivar a alegria interior e o equilíbrio da mente. A arte de escutar lhe permite alcançar sabedoria, superando toda ignorância. Então, é vantajoso dedicar-se a ela, mesmo que isto lhe custe a vida. A arte de escutar é como uma luz que dissipa a escuridão da ignorância. Se você é capaz de manter sua mente constantemente rica através da arte de escutar, não tem o que temer. Este tipo de riqueza jamais lhe será tomado. Essa é a maior das riquezas."

"O aprimoramento da paciência requer a presença de alguém que deliberadamente nos faça mal. Esse tipo de pessoa nos dá a chance de praticarmos a tolerância. A nossa força interior é posta à prova com mais intensidade do que aquela de que o nosso guia espiritual seria capaz. Em essência, o exercício da paciência nos protege da perda da confiança."

"A felicidade é um estado de espírito. Se a sua mente ainda estiver num estado de confusão e agitação, os bens materiais não lhe vão proporcionar felicidade. Felicidade significa paz de espírito."

"A agressão é uma tendência que faz parte do nosso íntimo. Por isso, temos de lutar contra nós mesmos. Homens criados em ambientes rigorosamente não-violentos acabaram se transformando nos mais horríveis carniceiros. O que prova que a semente da mais insana agressividade mora nas profundezas de cada um de nós. Mas nossa verdadeira natureza é de modo geral pacífica. Todos nós conhecemos as agitações da alma humana, que está sujeita a imprevistos assustadores. Mas essa não é a sua força dominante. É possível e é necessário dominar a agressividade."

Uma santa noite e ... Beijinho :o)

terça-feira, 26 de julho de 2005


Não há pureza absoluta
e a mais rara gema preciosa
não é de todo impoluta
mas à visão é deliciosa
uma migalha perniciosa

sorrateira e maliciosa
sempre se esconde sob seu manto
nem por isso lhe quebra o encanto
meus versos são como estas gemas

sempre escondem um monte de erros
não obedecem a regras e esquemas
nem por isso me sinto no desterro
Junto com o erro infamante

que conspurca e torna suja a pureza
há um raríssimo diamante
e o erro não faz sombra à beleza.

Adeus...


Sei dos teus planos
Das tuas vulneráveis paixões
Das tuas quimeras e utopias
Conheço de cor teus versos
Já desfrutei tua loucura
Aconcheguei-me em tua ternura
Rejuvenesci em tua meninice
Dancei na música de tuas palavras.
De novo, viajo em teus sonhos
Sou cúmplice da tua irresponsabilidade
Demônio em túnica de anjoAngelical em cores infernais
Creio e descreio do amor
Me afogo e me salvo da dor.
Indefesa, ofendo, agridoAcuada, revido, defendo, protejo...
Curo feridas e firo
Provoco medo e, medrosa, recuo.
Sei dos teus passos
Sinto o pulsar de tuas veias
Teu vulto me segue, enquanto fujo
Teus braços deixam meu abraço vazio
Quando, sem resistência, me entrego e desisto!
Para alguém que outrora Amei...

segunda-feira, 25 de julho de 2005


Observo a caixa de ébano entalhado, onde a noite expõe suas relíquias... .
Vejo as nuvens migrarem,deslizando no tapete azul-marinho,passando em bandos semitransparentes, vultos iridescentesque camuflam a vastidão do céu escuro ...
Sob o reflexo amarelado das luzes que lavam as calçadas,as árvores parecem esculturas douradas, sentinelas imponentesa resguardar o berço das pequeninas fadas que se escondementre tufos de folhas .
Há um misterioso silêncio que lembra a profundidade dos lagos serenos cheios de encantos submersos ...
Passos distantes ressoam na rua deserta, denunciando pressa.
Raríssimas janelas estão acesas, pois é hora do sono que embriaga os sentidos e carrega o espírito para outras esferas.
Da varanda, aspiro o ar noturno com suas fragrâncias deliciosas,sinto a brisa fria arrepiar minha pele, mergulho nas sombras
repletas dessa magia singular .
Minha alma está alerta, ávida por esses sentimentos que o bôjo da noite nos traz, ansiosa por ouvir os acordes preciosos que a mãos dos anjos dedilham suavemente, além do horizonte,entre as pregas do infinito, amparada nos braços do tempo...
É madrugada !
Sinto que os meus sonhos alçam vôo,minhas ilusões ganham asas,enquanto vou desenhando a passarela cintilante das minhas esperanças preferidas.
Uma vez mais, observo a caixa de ébano entalhado,onde a noite expõe suas relíquias ...Certamente é ali que, com todo cuidado,vou colhendo a inspiração que escreve as minhas poesias...

Flores


Olhemos as flores !
Lindas, singelas, pequeninas, exuberantes, viçosas, coloridas, frágeis, delicadas, altaneiras ou tímidas, elas são os adornos da natureza, as jóias vivas que se sustentam em buquês arfando nos canteiros, dependuradas lá em cima, na ponta dos galhos mais altos do arvoredo ...
Olhemos as flores, regadas pelas beijos do orvalho e do sereno, sujeitas às chuvas e aos ventos, ternuras que surgem à beira das estradas, que resistem aos ventos e às tempestades, que se espremem entre as frestas das calçadas, e surgem até mesmo entre as pedras dos caminhos, numa promessa de vida, de força e sensibilidade ...
Olhemos as flores, e pensemos em certos corações humanos:
Delicados, coloridos por uma ternura que enfeita os caminhos, perfumados pela graça da sensibilidade, abençoados pela dádiva de enfeitar outras vidas ... Pensando nas flores, pensei em você.
Você, você, cuja ternura tem a cor das primaveras no jardim do céu, você que se faz presença, presente e encanto, uma pétala de amor no coração.

Alma de papel...


Escreve na minha alma
esse momento,com tintas que jamais se apagarão
com o tempo,porque serão ternuras eternamente gravadas,
serão gestos de um amor maior que o mundo
e que cabe entre os vãos deste segundo,
nas frestas dessa realidade que inventamos,
nos desejos que escondemos, nos olhares que trocamos,no carinho que retemos em nossos dedos entrelaçados,nos minutos contados,na inegável vontade de ficar mais perto...Ah, amor da minha vida !,
escreve em mim tua presença nos meus dias,porque se não estás, sou como página apagada,uma alma de papel , branca e vazia ...



A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca.
Com carinho ...
Emilia

domingo, 24 de julho de 2005


Uma esteira de espumas tecidos com fios da mais pura ilusão...
Versos que se quebram na praia dos meus desenganos ...
Versos salgados como as lágrimas que trago no olhar ...
Mas se o sal é vida nos meus versos há de renascer a esperança de sonhar,e um novo amor encontrar...

Mágoa...



Olho a lua branca que indolente brilha suave como o amor...
A madrugada chega cálida, calada, madrugada não te vás...
Espera meu amado...
Choveu ...
O campo amanheceu molhado pelo orvalho,
pelas minhas lágrimas,pois meu amor não veio...
Abraço minha ilusão,na minha solidão penso:
Porque o amor magoa tanto...
Porque essa ansiedade ,
essa saudade...
Porque te amo tanto....






Trago-te flores do campo
colhidas no amanhecer...
Trago-te um olhar magoado...
A ilusão cega...
Mau canto de espera...
Trago-te minhas lágrimas,minha madrugada...
Minha noite acordada ..
Fazendo-te querer...
Sem querer chorar
Trago a dor calada do meu coração ...

Trago-te, minha incerteza feita de medo diante da tua desconfiança....
Cego ,não sentiste o quanto te amei...
Cego pela dúvida te deixas-te levar ....
Levando, minhas ilusões meus sonhos .
Deixando-me a tristeza que trago no olhar...

...

quinta-feira, 21 de julho de 2005

...


A tarde desistiu de perseguir vestígios de sol,
acomodou tufos de nuvens sobre os quintais,
desenhou com giz de prata a silhueta das montanhas no horizonte,
decidiu lavar o céu com sua lavanda preferida...
As gotas perfumadas escorreram pelas vidraças,
lavaram a imensidão como um camisolão acinzentado,

despertaram os aromas da terra e das ramagens,exalaram buquês de flores pequeninas ...
Parecia que o dia incolor me descobria,
desnudava a minha alma na paisagem desbotada,
derramava meus sonhos com tal melancolia,
que os olhos da chuva
choraram minhas lágrimas ...

Partida...


Olhei para fora,vi o vento despentear as árvores nervosas.
Uma fina garoa caía sobre o rio,encrespando suas águas acinzentadas ...
Contra a paisagem deprimida, teu vulto assemelhava-se à sentinela solitária, impassível na despedida,escondendo suas feridas e suas lágrimas...
Encostei meu rosto na superfície fria do vidro da janela,tentando capturar tua imagem para sempre,tatuar tua figura na retina dos meus olhos inconformados ...
O comboio começou a andar.
Lentamente o céu foi ganhando uma dimensão irreal atrás de ti .
Tuas mãos erguidas pareciam pássaros feridos, sangrando gestos resignados,sentimentos vencidos pela dor da vida. O frio gelava meus dedos crispados sob a luva,enquanto um outro frio invadia as entranhas da minha alma,como se a distância que apagava teu vulto também apagasse a vida dentro de mim ...
Encostei minhas mãos aflitas na janela,tentando deter-te, reter o tempo, parar o mundo,mudar a história dos meus dias ...
Mas tudo era em vão.
Nada foi possível.
Num instante fugaz, sumiste do arco dos meus sonhos, desapareceste na curva do caminho, assumiste a proporçãode um momento cravejado de momentos eternos ,quando o para sempre necessita render-se ao nunca mais ... .

sexta-feira, 15 de julho de 2005

The Wall - Uma obra de arte conceitual


O filme foi um sucesso de bilheteria, assim como o disco que é considerado como o álbum duplo mais vendido da história!

Já paras-te para pensar por que gostas de Pink Floyd?

Muitos de nós, floydianos, somos fãs do Pink Floyd por causa da voz suave de Roger Waters, dos óptimos solos de guitarra de David Gilmour, do estilo "dó-ré-mi" de Nick Mason ou dos lindos acordes de Richard Wright. Admiramos os shows, as letras simbólicas e progressivas, a incrível capacidade de demonstrar sentimentos pela música, e muitas outras qualidades mais.
Porém, existe uma característica no Pink Floyd que poucas bandas possuem, e que atrai milhões de fãs em todo o mundo:
a possibilidade de se envolver com as letras. E, com certeza, o álbum THE WALL (e o filme) é o que mais tem essa capacidade de entrar em nossos corações. Podem chamar isso de alienação, mas, confesso que se eu não pudesse desabafar às vezes ouvindo aquele solo de guitarra em Comfortably Numb no último volume, já teria encontrado alguma outra forma menos sadia de acabar, ou pelo menos de me aliviar das preocupações . Alguns podem achar exagero, outros sabem muito bem do que falo, porque também o fazem. E eu digo para ti: se não entrares na história, não te envolveres, o álbum THE WALL será sempre um simples CD (ou vinil) duplo da capa branca, com "azulejos" e monstrinhos desenhados e que tem aquela música do "Hey teacher!". Porém, se você assistir o filme, deixar as músicas entrarem em seu coração, e passar a enxergar o muro que envolve a cada um de nós, verá que THE WALL retrata as nossas próprias vidas, nosso sofrimento de pessoas inteligentes que se importam e sofrem com o mundo que está aí.
Afinal de contas, aquele filme não é simplesmente uma história baseada na vida de Roger Waters, pois, se você prestar bastante atenção, descobrirá que essa "autobiografia incrementada" é apenas um pretexto para Waters e, por que não, Gilmour e Ezrin, apontarem tudo o que há de absurdo neste mundo louco em que vivemos.

SOBRE A INTERPRETAÇÃO
Este texto não tem a pretensão de descrever tudo o que Roger Waters quis expressar com o álbum e com o filme, pois talvez nem ele próprio tenha idéia da dimensão que sua obra tomou e das inúmeras interpretações que podem surgir sobre a obra THE WALL em si.
É apenas uma tentativa de um fã de expor suas idéias, e fazer com que as pessoas que gostam do Floyd, mas ainda não compreenderam THE WALL, tenham uma idéia próxima do que ele significa. Eu não posso dizer que tudo o que está aqui seja verdade, como ninguém poderá dizer que estou a mentir; pois esta é apenas uma interpretação pessoal de uma obra muito complexa e abstrata, apesar de realista. "THE WALL foi um álbum incompreendido" Richard Wright

A HISTÓRIA

Na verdade tudo começou com "Animals", que era uma espécie de pré-THE WAll, onde Waters, inspiradíssimo no livro de George Orwell "A Revolução dos Bichos" (para mim o melhor livro que ja li) critíca o caráter do ser Humano comparando-o a animais, onde tudo acaba como começa: antes os fazendeiros dominavam seus animais, até estes decretarem uma revolução contra seus donos, expulsando-os. Eles abominavam qualquer tipo de atitude semelhante a um humano, lembrem-se "quatro patas bom, dois pés ruins".
Depois de muito tempo, a ganância e o poder sobem às cabeças de seus líderes(os Porcos) que no final acabam agindo igualmente aos seus ex-donos Humanos e começam a se vestir com roupas e andar como Bípedes e no final se torna "quatro patas bom, duas melhor ainda".
Então Waters radicalmente desenvolveu sua crítica criando The Wall. Uma parte da idéia surgiu num desastroso show da turnê In The Flesh de 1977 onde Waters cuspiu na cara de um freqüentador da platéia que invadira o palco. Isso se tornaria um dos temas do álbum. O desastre do show de 77 acabou virando inspiração para a monumental turnê de The Wall que aconteceria nos anos de 80/81. O primeiro show foi marcado por um incêndio logo no inicio quando uma das cortinas acabou por pegar fogo devido aos fogos de artifício que eram lançados. No ano de 82 o tema de The Wall ganha um filme com direcção de Alan Parker e o actor Bob Geldof no papel principal. Embora o filme tenha ganho um bom reconhecimento da mídia, Waters não ficou satisfeito com o resultado final. THE WALL significa "o muro" em português.
Este muro é algo abstrato, um sentimento de angústia que prende nossos corações e nos isola do mundo, nos dando a impressão de que não existe saída para os nossos problemas.
Marcado pelas letras amargas compostas por Waters, o disco tem uma qualidade sonora marcante, com destaque para a atuação de Gilmour na guitarra.
Está repleto de ruídos, gritos, vozes, mensagens ocultas, diálogos, faz a alegria daqueles que procuram os mínimos detalhes. O grupo começou a se dissolver com as diferenças que surgiram entre Waters e Wright, causadas pelo início da paranóia de Waters e pelo consumo de cocaina de Wright. Wright acabou deixando o grupo, tocando como músico contratado durante os shows. "As gravações foram muito tensas, principalmente porque Roger estava começando a ficar um pouco doido. Já estava tudo gravado quando ele brigou com Rick. Rick tem um estilo próprio, muito específico para o piano e ele não estava conseguindo compor nem adaptar com facilidade. Isto é um grande problema quando as outras pessoas estão discutindo quem fez o que e quem leva os créditos.
Roger e Dave estavam trabalhando como uma dupla, colocando-me de lado. Houve momentos em The Wall em que os dois fizeram tudo. Rick estava incapacitado e eu não podia fazer nada para ajuda-los." Nick Mason (baterista) "Nós tinhamos um estúdio no sul da França, onde Wright ficava hospedado. Os outros alugaram casas a cerca de 20 milhas de distância. Íamos para nossas casas de noite e dizíamos a Rick 'Faça o que quiser, aqui estão as trilhas, escreva algo, inclua um solo, faça algo. Você tem todo o tempo do mundo para fazer isto.'. Durante todo o tempo em que estivemos lá, e foram vários meses, ele não fez nada. Ele não era capaz de tocar nada!" David Gilmour(guitarrista) "Roger nos apresentou o álbum em um demo, e todos sentimos que era potencialmente muito bom, mas musicalmente fraco, muito fraco. Bob Ezrin, Dave e eu trabalhamos nele para torná-lo mais interessante. Mas Roger e seu grande ego daqueles dias ficavam dizendo que eu não estava me dedicando o bastante, apesar de não me deixar fazer nada. A crise veio quando nós todos saímos de férias depois do fim das gravações. Uma semana antes das férias terminarem recebi uma ligação de Roger, que estava na América, convocando uma reunião do grupo imediatamente, onde disse que queria que eu abandonasse a banda. A princípio recusei. Então Roger disse que se eu não saisse após o lançamento do álbum ele abandonaria o grupo naquele instante e levaria as gravações com ele. Não haveria álbum nem dinheiro para pagar nossas enormes contas. Tive que aceitar, tinha duas crianças para criar. Foi terrível. Agora eu sei que errei, era um blefe de Roger. Mas eu realmente não quero mais trabalhar com esse cara nunca mais." Richard Wright (agora ex-tecladista) Ironicamente ele foi o único a ganhar dinheiro, já que o custo dos shows era tão elevado que o grupo simplesmente teve prejuizo. Wright, como contratado, recebeu o seu salário e saiu limpinho. Foi um verdadeiro sucesso comercial, permaneceu no topo das paradas americanas por 15 semanas e levou o disco de platina em março de 1982 por ter vendido um milhão de cópias. Realmente, Waters fez de tudo para demonstrar que todos os acontecimentos ruins da vida do personagem da história (ele adoptou o nome Pink Floyd para ele, lembras?) não foram provocados, mas eram inevitáveis.
Coisas que acontecem e existem, e que não se podem mudar. Embora no álbum a idéia que se passa não seja essa, no filme, toda a história se desenvolve em um devaneio do "Sr. Floyd", sentado em seu quarto e olhando fixamente para a porta. Sonho esse formado por lembranças de sua vida (péssimas, por sinal). Em "In the Flesh?", nosso herói (interpretado no filme por Bob Geldof) nos convida a descobrir o que há por trás daquele olhar frio e do seu disfarce "nazista". E, nessa mesma música, Floyd relembra a primeira desgraça inevitável de sua vida: a morte do seu pai na 2ª guerra mundial (o pai de Waters realmente morreu nesta guerra) ainda na sua infância, pelo avião que aparece no filme e na música. Guerra é o primeiro absurdo do mundo retratado na obra, e influenciará a personalidade do menino Pink para o resto de sua vida. "When the Tigers Broke Free", "The Thin Ice" e "Goodbye Blue Sky" são as músicas que introduzem, junto com "In the Flesh?", o tema guerra na história. Aliás, em "Goodbye Blue Sky", pode-se notar uma severa crítica ao Governo, mais especificamente o da Inglaterra.
No filme, a bandeira inglesa se transforma em uma cruz fincada no chão e sangrando, significando que por trás do ideal de defender a bandeira se esconde a morte.
"Foi assim que o Alto Comando tirou meu pai de mim", diz a letra de "When the Tigers Broke Free". Outra influência que a morte de seu pai trouxe foi a própria ausência deste no desenvolvimento de Pink. Isso é mostrado na cena em que ele está no parque, sozinho, e encontra um senhor que lhe parecia simpático. Pede a ele para que o ponha em cima do brinquedo. Porém, quando Pink pensou que havia encontrado um pai, o homem rejeita sua mão e empurra-o para longe. Triste, o menino senta no balanço, sozinho, e observa as outras crianças felizes, brincando com seus pais. E o muro ganha sua pedra fundamental, seu primeiro tijolo.
Afinal de contas, a morte do pai na guerra foi para Floyd "The Happiest Days of Our Lives" e a clássica "Another Brick in the Wall part II" (quem não conhece "aquela do Hey Teacher!"?), põem em discussão outro alicerce da nossa sociedade: a educação. Roger Waters define a educação como uma alienação (representada no filme pelas máscaras com botões no rosto das crianças), fazendo com que as pessoas, ainda crianças, percam sua identidade própria e pensem o que o Governo quer que elas pensem. O sarcasmo e a violência com que os professores tratam os alunos (segundo Waters) na sala de aula são atribuídos aos problemas que eles (professores) enfrentam em casa com suas "esposas psicopatas e gordas".
No filme, o pequeno Pink sonha em ver todos os alunos destruindo a sala, queimando a escola e jogando o professor ao fogo, enquanto Gilmour toca seu solo de guitarra. Destruir a escola é uma atitude própria de quem não foi alienado pela educação, e por isso é contra ela.
Cabe aqui uma observação: muitos de nós, fãs do Pink Floyd, não damos o devido valor à música "Another Brick in the Wall part II", um verdadeiro clássico do rock mundial.
Porém, nunca devemos esquecer que é esta a música mais famosa de nossa banda. Além do mais, que outro grupo de rock teve a coragem de colocar as próprias crianças cantando contra a educação?
É exactamente esta ousadia que faz desta música uma das maiores e mais conhecidas do mundo. "Another Brick in the Wall part II" acabou se tornando um símbolo da revolta.
Não da revolta pura e simples, sem motivo; mas da revolta consciente, de pessoas que não se acomodam com o que vêem de errado e precisam se manifestar. Terminada a observação, voltemos à história. Outro grande factor que viria a influenciar a personalidade do menino Pink é a superprotecção por parte de sua mãe ("a mamã vai te ajudar a construir o muro"), retratada primeiramente na música "Mother". A infinidade de perguntas que Pink faz a sua mãe na letra da música indicam a sua dependência com relação a ela. Waters procurou (como não podia deixar de ser) estender as características da mãe no filme a todas as mães, usando frases como "mamã vai sempre descobrir onde você esteve", "Mamã vai checar todas as suas namoradas", "Você será sempre um bebê para mim", entre outras que realmente expressam como são a grande maioria das mães. "Mãe, será que devo construir o muro?". Aqui já podemos perceber o desejo do menino de se isolar do mundo. Ainda em "Mother", podemos apontar outro tema muito explorado em "THE WALL": o relacionamento entre homem e mulher. No filme, aparece o contraste entre o menino curioso, que observa a vizinha trocando de roupa com o binóculo, e o homem revoltado, que prefere o jogo de futebol (observa que nem no jogo ele presta muita atenção) do que fazer amor com sua mulher. Quais seriam as razões que levaram o personagem a perder esse desejo de adolescente? Com certeza, a morte do pai, a superprotecção da mãe e a revolta contra a educação podem ser apontados como motivos suficientes (segundo o autor) para isso. Com certa razão, devido ao desinteresse do marido, a Sra. Floyd acaba traindo Pink com um líder anarquista. No filme, Pink Floyd liga para a sua esposa, mas o amante desliga o telefone na sua cara duas vezes. A telefonista diz: "era um homem a atender". Depois, naquela animação que aparece no início da música "Empty Spaces" (uma das melhores introduções elaboradas pelo Pink Floyd), as flores a brigar representam o relacionamento conjugal.
No início, elas se esfregam e se acariciam. Num certo ponto, é evidente a representação nos desenhos de uma relação sexual (repare como as flores adquirem formas próximas dos órgãos sexuais). Até que, no fim, uma flor (a que representa a mulher) acaba engolindo a outra.
Certamente, Waters quis com este desenho estender a característica de traidora a todas as mulheres, assim como ele fez com as mães e os professores.
Após a festinha que ocorre durante a execução da música "Young Lust", uma das mocinhas entra no trailer de Floyd. Era a chance dele "descontar" a traição, mas isso não aconteceu.
Ao invés disso, numa das cenas mais chocantes do filme, o marido traído põe para fora toda a raiva, quebrando todo o seu trailer em cima da intrusa. Era uma de sua crises ("One Of My Turns"). Na verdade, o roteiro do filme não é muito fiel às letras do álbum, pois se as observarmos, podemos verificar a seguinte sequência:
Empty Spaces fala sobre a fase pré-adolescente, onde nossos desejos sexuais começam a aflorar.

O espaço vazio a que se refere o título é a necessidade de se relacionar com o sexo oposto. Estes desejos se aprofundam ainda mais em Young Lust: "preciso de uma mulher safada...". Enquanto a letra da música sugere um "grande interesse" de Floyd por mulheres, no filme ele é o único que não participa da "festinha". Seria só nesta música então que ele conheceria sua mulher, e não em "Mother". Todo o casamento vai arrefecendo . É sobre isso que fala a letra de "One of my Turns", o momento onde a rotina toma conta do relacionamento e marido e mulher perdem aquele amor dos primeiros anos.
"Com o tempo eu envelheci, você se tornou fria e nada mais tem graça". Seguindo esta linha de raciocínio, pode-se muito bem pensar que a mulher que aparece a falar com Floyd no início de "One of my Turns" é a sua esposa, e não uma fã ("Este lugar é maior do que nosso apartamento!"). Bem, seja lá como for, "Don’t Leave me Now" é a hora da traição e, em "Another Brick in the Wall part III", Floyd declara a traição de sua mulher como mais um tijolo no muro, assim como todas as pessoas que o fizeram sofrer:
"Vocês não passaram de tijolos no muro". Agora o muro está completo.
A partir de "Goodbye Cruel World", ocorre uma mudança muito importante no filme: Floyd, dá adeus ao mundo real, e passa a "viver" no mundo que há dentro de seu muro, que, no filme, deixa de ser uma abstração e toma forma "real". O filme entra então numa fase de extremo simbolismo, com cenas mais loucas e de compreensão mais difícil. A história se desenrola em duas linhas: a da vida real e a das viagens dentro do muro. Durante "Is There Anybody Out There", "Nobody Home" e "Vera", Floyd fica vagando pelo mundo de dentro do muro. Essa "viagem" representa um período de reflexão, sobre todos os motivos que deram origem a cada tijolo. O menino Pink acaba por encontrar o seu pai morto na trincheira; e a si próprio, na idade adulta, no canto de um sanatório abandonado. Vai à estação ferroviária esperar o comboio que trouxe os sobreviventes da guerra, e não encontra o seu pai.
"Alguém aqui se sente como eu?". Enquanto isso, na vida real, ele acaba com todos os pêlos de seu corpo, inclusive as sobrancelhas !
Um momento de extrema loucura. "Comfortably Numb" é o cúmulo da tristeza. Sem dúvida, esta música deve ocupar, juntamente com "Another Brick in the Wall part II", um lugar entre as melhores músicas do Pink Floyd e do Rock mundial.
No filme, há uma mistura entre cenas do mundo real e o do muro. Floyd está confortavelmente entorpecido no seu quarto, e é encontrado pelos empresários e companheiros de banda.
Os médicos tentam reanimá-lo com uma injecção
("Ok, é apenas uma picadinha de agulha!"), ao mesmo tempo em que as péssimas lembranças de sua vida perturbam a mente do personagem. Do ponto de vista do mundo real, a injecção causou efeitos colaterais e não funcionou como devia. Sua visão ficou turva, teve que ser levado ao colo até o carro que o levaria para o show, e sentia que sua pele estava derretendo. Do ponto de vista do mundo do muro, este é um momento em que todas as péssimas lembranças se juntam e pressionam a cabeça de Floyd, causando uma revolta tão grande que fez sua pele realmente "derreter" e se descolar do corpo. Tudo isso acontece enquanto David Gilmour executa um dos melhores solos de toda a sua carreira (se não o melhor), expressando toda essa revolta de uma maneira enérgica, mas ao mesmo tempo "bonita". Nos shows, aquela esfera espelhada que aparece sempre que "Comfortably Numb" é tocada representa o desejo de manifestar a revolta a todo o mundo, através dos raios de luz, e também do solo de guitarra. Outro momento importantíssimo da história: Floyd consegue se livrar da sua pele e, por baixo dela, aparece um uniforme estilo nazista. Percebe-se aí a grande influência da morte de seu pai na 2ª Guerra Mundial (lembra-se que foi esta a guerra contra o nazismo).
A suástica dá lugar a dois martelos cruzados, representando o desejo de se derrubar o muro, ou seja, se libertar das angústias e viver normalmente. Aqui pensamos: mas não foi o próprio Floyd que construiu o muro para se isolar do mundo? Por que agora ele quer derrubá-lo?
Para entender esta aparente contradição, devemos nos colocar no lugar da personagem. Tu com certeza não irias querer te isolar do mundo. Floyd também não.
Porém, se aqueles fatos (morte do pai, mãe super protectora, professor carrasco, traição da mulher) acontecessem em tua vida, certamente no teu inconsciente haveria um desejo de te isolares. O muro é construído no inconsciente, e nós só nos damos conta de seu tamanho quando ele está muito alto.
Traduzindo para a linguagem do mundo real, nós nos isolamos quase sem querer, e só percebemos o nosso isolamento quando já estamos quase sem saída para os nossos problemas. Neste ponto, tu também não ías querer quebrar o muro? Floyd vai para o show. Mas, em sua cabeça, atordoada pela injecção e pelo muro, o show toma uma aparência nazista, com braços esticados e tudo o mais. "In the Flesh" e "Run Like Hell" são as músicas deste trecho, talvez o único momento alegre do filme, já que é a parte que ilustra a vontade de sair do isolamento e manifestar os sentimentos.
Novamente podemos ver as máscaras de botão no rosto das pessoas ("É melhor você colocar aquele seu disfarce favorito, com os olhos cegos de botão..."), representando alienação.
Existem duas hipóteses para explicar o significado das máscaras no show.
Pode ser uma nova referência aos governos (com Floyd fazendo o papel de "líder político", alguém como Hitler). Neste caso, o significado da cena seria que todo tipo de governo pode ser comparado ao nazismo, pois todo governo acaba alienando as pessoas através da educação e da propaganda. Podemos muito bem tomar o exemplo do Brasil.
Como pode um presidente entregar o seu país ao capital estrangeiro de uma forma tão grotesca e o povo não fazer nada? Acabar com a educação e com a saúde e ninguém perceber? Isso pode ser explicado pelo simples fato de que o nosso povo é alienado, assiste TV demais e acredita em tudo o que o governo diz através dela. Não se importa com a política de seu país e ainda acha que só "Fernandinhos" têm a capacidade de governar.
Alienação pura !!! Waters está criticando seus próprios fãs. Segundo ele, nós ouvimos suas músicas sem ao menos saber o que elas significam. É uma grande injustiça, já que a maioria de nós, floydianos, somos fãs do Pink Floyd justamente por causa das idéias e das letras.
Mas todos nós sabemos que o relacionamento de Waters com seus fãs não era grande coisa. Além do mais, talvez ele não esteja criticando os verdadeiros fãs, mas as pessoas em geral que ouvem suas músicas.
"Waiting for the Worms", além de fazer referência à enganosa propaganda nazista, é o momento da guerra entre os martelos e os tijolos. Representa nossa luta contra o isolamento e suas causas. Mas lutar contra este isolamento não é nada fácil.
O muro é mais forte, e em "Stop", Floyd se cansa de lutar. Em seu devaneio, ele é preso por ser "nazista".
Na linha real, o guarda encontra "Floyd" cansado do show e sentado no canto de um sanitário, bebericando um pouco da água da privada. Chegamos à fase final da história: a hora do julgamento ("The Trial").
No filme, é uma parte feita com desenho animado, onde cada pessoa que participa da sessão é representada por um desenho louco. Floyd vira um simples boneco de pano, sem movimentos, sem vida, ilustrando a sua impossibilidade de se defender das acusações. É um julgamento tipo "Juízo Final".
Podemos ver o professor (em uma cena, aparece um boneco de uma mulher gorda e feia, a mulher do professor, que bate no boneco que representa o professor, que por sua vez, bate no boneco sem vida que faz as vezes de Floyd), a mãe (o abraço dela de transforma em um muro), a esposa, entre outros. Floyd é culpado por construir seu próprio muro. Aquele Juiz que aparece dando o veredicto final representa a sociedade, o mundo, as outras pessoas. Tanto é que, no final da música, um grande coro grita: "Derrubem o muro". É a representação da sociedade. Ela não se importa se os motivos que levaram Floyd ao isolamento são válidos, se Floyd teve culpa ou não das desgraças de sua vida. O que importa é que Floyd é um isolado e não pode mais sê-lo.
Portanto, o muro deve ser quebrado. E assim se faz. "Outside the Wall" tem um significado muito bonito: trata das pessoas que estão do outro lado do muro, que amam a pessoa que está isolada, mas não são "vistas" por esta, e algumas delas acabam desistindo. "Afinal não é fácil bater seu coração contra o muro de um louco errante." As crianças no final do filme representam o que cada um de nós vai fazer após assistir o filme: recolher tijolos do muro de Floyd e começar o seu próprio muro, ou jogar a sujeira fora e tentar viver uma vida normal. Você escolhe !

CONSIDERAÇÕES FINAIS THE WALL

é uma obra de protesto contra o mundo, as suas bases, e as pessoas que o formam. Waters procurou demonstrar como cada fator influenciou a vida do personagem, e como pode influenciar a vida de cada um de nós.
O Governo e a guerra lhe tiraram o pai, sua mãe aprofundou seu isolamento com sua superproteção, a escola alienou todos a sua volta, e a mulher o traiu por causa do desinteresse que, por sua vez, foi gerado pela revolta contra os fatos acima citados. Tudo o empurrou para o isolamento. Para Floyd, o mundo estava errado.
Mas para o mundo, quem estava errado era Floyd. Ele era o isolado, o diferente, o louco. Quantas vezes isso não ocorre na nossa vida: enquanto nós podemos ver claramente inúmeros erros grotescos na sociedade, e nas pessoas, quando vamos falar com estas pessoas sobre o que está errado, quem acaba se passando por alienado somos nós mesmos.
O próprio Roger Waters foi taxado de depressivo pela crítica por causa do THE WALL.
Isso ocorre pela primeira vez geralmente logo na idade escolar, onde já podemos enxergar as diferenças entre nossos colegas. Daí, quando nos vemos diante de um dilema como este, nosso instinto acaba tomando uma decisão, de nos juntarmos aos alienados ou não. Se o nosso instinto acatar a segunda opção, o muro começa aí, e só vamos nos dar conta dele bem mais tarde... Quebrar o muro significa mudar o mundo, para que não precisemos mais ficar isolados dele. Mas isso é muito difícil, Floyd não conseguiu. Ao invés de ele quebrar o muro, a sociedade é que o derrubou. Ter o muro derrubado significa ter suas idéias expostas e ridicularizadas pela sociedade, a voltar a ser chamado de “alienado” pelas pessoas que se julgam normais.
A Obra só terminou realmente com The Final Cut que é mais ou menos os restos de The Wall que Dave achava desnecessário, que fala mais sobre a Guerra e o sofrimento de Roger pela morte de seu falecido pai. Mas essa já é outra História.
Então, o que devemos aprender com THE WALL ? A verdadeira mensagem está naquele menino que aparece no final do filme, que joga a sujeira fora da garrafa: talvez não precisemos nos isolar do mundo para tentar mudá-lo, mas sim, limparmos a sujeira de nossos corações e seguir em frente.
Temos que quebrar os tijolinhos que aparecem no dia-a-dia constantemente, e não deixar que eles formem um muro enorme.
E você já reparou que, com todo o seu sofrimento, Floyd não disse uma palavra contra Deus?
Pois é, se o muro te cerca pelos quatro lados, a saída está lá em cima. Sempre.

O Filme de Roger Waters

A biografia oculta do líder Rogers Waters
Quem não conhece este lìder ?
Quem não conhece os "Pink Floyd"?
Lembrei-me de fazer uma pesquisa e ... aqui está ela...
Vamos a isso ;o)

Professor Elias Celso Galvêas
Analisado e revisado pela professora Rosália DuarteDepartamento de Educação da PUC-RJ.

O filme em questão foi idealizado e escrito por George Rogers Waters, ex-integrante do Grupo Pink Floyd, nascido em 9 de setembro de 1944, em Cambridge, na Inglaterra.
Apesar de Roger não admitir abertamente, o filme representa, de certa forma, sua autobiografia. Poucos artistas demonstraram uma visão tão sombria da sociedade moderna como Roger Waters.
Muitas de suas músicas versavam sobre a Segunda Guerra Mundial, onde seu pai, Eric Fletcher Waters (a quem o álbum "The Final Cut" foi dedicado), faleceu, dutante a invasão inglesa à cidade de Anzio, na Itália.
Rogers Waters estudou junto com Syd Barrett - o guitarrista do grupo - no Cambridge High School For Boys (um internato para somente para meninos). Sua grande mágoa, como o filme mostra constantemente, resume-se ao fato de seu pai ter morrido na guerra, em 1944.
Como músico, sua primeira apresentação em público foi em Cambridge - sua cidade natal -, num show ao ar livre, no começo dos anos 60, visando a arrecadação de fundos para a Campanha de Desarmamento Nuclear.
Rogers Waters começou sua carreira tocando junto com Syd Barret, em 1965, no grupo "The Screaming Abdabs". Porém, somente mais tarde, com a ruptura da formação original do "abdabs", o grupo muda de nome, passando a se denominar "Pink Floyd".
Após a saída do líder Syd Barret, Waters passou de simples integrante da banda a principal compositor. Este processo culminou na produção do primeiro álbum de grande sucesso do grupo: "The Dark Side of The Moon", em que todas as letras eram de sua autoria. A parti daí, a partir do início da década de 70, já com o inteiro controle do grupo em suas mãos, continuou com a produção de sucessos como "Wish you Were Here"; "The Animals"; até chegar no álbum "The Wall". Apesar do álbum musical ter sido um sucesso, o filme "Pink Floyd - The Wall" - que data de 1982 - ainda não tinha sido produzido.
Após a produção do álbum "The Final Cut", Rogers Waters abandona o grupo Pink Floyd, pensando que a banda dispersaria.
Mas, mesmo sem ele, a banda continuou a existir, trazendo-lhe muitos aborrecimentos legais. Continuou a seguir a carreira solo, sem muitos sucessos significativos - a exceção, naturalmente, do unânime sucesso do filme "Pink Floyd - The Wall", por ele idealizado.
Não foi por acaso que o filme "Pink Floyd - The Wall" fez tanto sucesso: a produção do filme recaiu sobre a responsabilidade do brilhante diretor Allan Parker que sempre teve o dom de integrar músicas a imagens, em filmes como "Fame", "The Commitments", etc., que fizeram dele um diretor muito mais lembrado pelas inesquecíveis trilhas sonoras - e habilidade em trabalhar com imagens - do que seus enredos propriamente ditos.
Por outro lado, para demonstrar sua imensa versatilidade, obteve enorme sucesso com filmes mais sérios como "Midnight Express" (Expresso da Meia-Noite) e "Mississipi burning" (Mississipi em chamas). Seu mais recente sucesso foi o musical "Evita": outro drama musicado, datado de 1996 - que, naturalmente, dispensa maiores comentários.Todavia, segundo seus próprios críticos, apenas um filme fala de Alan Parker: e este filme é justamente "Pink Floyd - The Wall". A idéia da produção do filme surgiu no início dos anos 80, devido ao sucesso obtido - na década de 70 - pelo álbum "The Wall". Este sucesso aconteceu principalmente entre as crianças e adolescentes da época. O álbum "The Wall" - obra prima da cultura psicodélica - sempre esteve "na moda" entre os adolescentes, principalemente pelo seu caráter progressista, audacioso, e revolucionário - ao ponto de colocar em xeque os valores excessivamente tradicionais que ainda vigoravam, com muita força, naquela época. O impacto que o álbum e o filme tiveram na geração dos anos 70 e 80 parece se perpetuar até hoje, pois costuma causar semelhante impressão nos jovens de hoje.O ENREDO DO FILME O super astro de Rock, Pink, interpretado pelo artista Bob Geldof, tinha, em sua agenda, muitos shows a serem realizados, muita droga para ser consumida, muita energia sexual para disperdiçar em farras, e muitos aplausos para arrancar de seu público no mundo inteiro. Porém, em algum lugar da infernal Los Angels, ele se encontra - totalmente isolado de todos - trancafiado em um quarto de hotel, sentado numa cadeira assistindo a filmes de guerra - mais especificamente: filmes relativos à Segunda Grande Guerra. Um complicado e gradativo processo interno de loucura começava a se manifestar na mente de Pink. É exatamente desta forma, sempre associando brilhantemente som e imagens, que o filme começa: já prendendo a atenção do espectador, deixando curioso e desafiando sua imaginação: é impossível não querer saber o que pode acontecer a seguir... Existe, em todo decorrer do filme, uma espécie inexplicável de alquimia, um casamente, uma conjugação jamais realizada entre som e imagem, capaz de deixar hipnotizado todos aqueles que ousam assistir ao filme. O espectador entra numa viagem psicodélica dentro da mente do protagonista - que encontra-se em visível processo de enlouquecimento. Portanto, dentro daquele quarto, nos processos psíquicos de Pink, o excesso de fantasia tende a se misturar com a realidade, obviamente deturpando-a. Pink encontra-se totalmente preso a um passado que tenta, a todo custo, resgatar. Através de memórias do passado - que se fundem indiscriminadamente com as alucinações do presente - suas viagens internas provocam estados - ora orgíacos, outrora paralizantes - que o impedem de viver plenamente o presente. E, apesar do filme não explicitar, toda a sua degradação mental e psicológica parece estar sendo agravada com o consumo de drogas; não obstante o tema principal da música contradiz o fato:"I don´t need no drugs to calm me"... Não preciso de drogas para me acalmar.É muito pouco provável que ele não as use para anestesiar o seu profundo vazio existencial...Seu processo de enlouquecimento gradativo se dá através da construção de uma verdadeira "muralha" psíquica - que acabará por isolá-lo definitivamente da realidade externa: culminará com explosão da muralha, após a tentativa de resolver vários de seus conflitos internos. O final do processo é sua morte: contudo, não fica bem claro se é a morte física ou psiquica de Pink.De qualquer forma, Por se tratar de um "Drama/Musical", não é preciso dizer que o processo de enlouquecimento gradativo de Pink irá se transformar no maior e mais profundo pesadelo que um homem pode sofrer: ser condenado à morte, através de uma série de medos e culpas que se materializarão em um "grande e gordo verme vestido de juiz" - o juiz que o julgará e o condenará por ter tido sentimentos demasiadamente humanos...É claro que isto tudo acontece como processos psicológicos internos dentro da mente de Pink. O recurso do desenho animado reforça o sentido de fantasia que o diretor desejou imprimir às cenas. Tudo isto aliado ao simbolismo interno contido nas imagens cria uma atmosfera onde realidade e fantasias alucinatórias se fundem - demonstrando todo o poder impressionista e força de expressão da arte psicodélica. O grande e gordo verme julgando um ser humano: o conhecido animalzinho peçonhento que um dia irá devorrar-nos a todos quando estivermos em nossas últimas moradas, a sete palmos abaixo da terra..."ALL AND ALL IT WAS JUST ANOTHER BRICK IN THE WALL"E que diferença tudo isto faz? No final das contas, tudo não passa de mais um tijolo na muralha!Numa visão pedagógica, esta simples sentença - trecho da música que é tema principal do filme - é suficiente para resumir precisamente os dois principais fatores que me motivaram, sem maiores pretensões, a analisar este filme, em especial:1 - identificar que "tijolos são estes que, funcionando como verdadeiros mecanismos de defesa psíquica - até certo ponto naturais -, parecem afetar grande parte das pessoas, principalmente as pessoas que, de alguma maneira, se identificaram com o sofrimento do protagonista. E, com certeza, não faltou transferências, projeções e identificações por grande parte do público - especialmente adolescentes. O sucesso de bilheteria atingida pelo filme, bem como pelo clássico em que o filme "Pink Floyd - The Wall" se transformou, são, ambos, fatos que evidenciam a identificação em massa caracterizada pelo frenêsi psicodélico causado pelo filme, especialmente observado no público mais jovem.2 - Discutir como processo educativo pode colaborar no sentido a minimizar a construção de "muralhas", internas ou externas, por qualquer pessoa. As muralhas que construímos podem ser de caráter moral, ideológico, religioso, social, político, econômico, e, no caso do filme: uma muralha psicológica, comprometendo todo o fluxo de pulsões naturais peculiares ao funcionamento adequado do aparelho psíquico. Para ser mais suscinto: discutir como a educação pode servir como um projeto que, de fato, seja capaz de integrar a humanidade - e não fragmentá-la ainda mais, como tem feito ultimamente.Com certeza, o filme em questão tocou de maneira genial e profunda a alma de muitos. Mas, em relação ao filme propriamente dito, algumas perguntas permaneceram no ar: o que são exatamente estes "tijolos" que formam a "muralha"? O que representa a "muralha"? Por que Pink precisou construí-la? Por que todos nós, em maior ou menor grau, também construímos "muralhas" que nos impedem de viver nossos processos internos em plena liberdade? A liberdade, de fato, está dentro da cabeça! Por que as muralhas que impedem o entendimento e o convívio coletivo precisam ser constantemente construídas? É possível que, em algum momento da história da humanidade, de alguma forma, elas tenham deixado de ser construídas? Seria a não necessidade de construção de muralhas psíquica possível apenas em utópicos paraísos? Um paraíso utópico e ideal onde todos os homens se pudessem se entender entre si, e, ao mesmo tempo, pudessem adquirir uma melhor compreensão de si mesmos! Quais os fatores que nos impedem de atingir tais estágios?Por que, apesar da evidente busca natural do homem pelo prazer, tendemos a encarar o sofrimento - tanto o nosso, quanto o alheio - como algo comum, corriqueiro e necessário? Por que motivo, apesar de tão idealistas e bem intencionados, aceitamos viver em um mundo cheio de injustiças, guerras, fome e miséria? Que muralhas são estas que, consciente e inconscientemente, permanentemente construímos em torno dos outros e de nós mesmos? Somos estranhos seres movidos antagonicamente pelo prazer e pelo medo... A muralha da indiferença, do preconceito, da incapacidade de conviver harmônicamente com as diferenças; a muralha da injustiça, do egoísmo, dos interesses mesquinhos, da prepotência, da desconfiança, da insegurança, dos medos - que se transformam em grandes fantasmas, etc.Num prisma mais realista, é duro nos olhar como espécie vítima de nossa própria ambição e crueldade. Obrigados a engolir nossa prepotência, concluímos que, na verdade, não passamos de seres frágeis, sozinhos, isolados e desemparados - num planeta que poderia ser maravilhoso em todos os sentidos - e que, em relação ao universo, não passa de uma poeirinha pairando na imensidão do infinito. Mas onde exatamente a atual educação está falhando? Até que ponto ela está realmente servindo à humanização do ser humano? Por que o homem moderno, quanto mais instruído e racional se torna, mais cínico, insensível, calculista, intolerante e sem ética ele se torna? Não há coisa alguma que uma inteligência bem treinada não possa simular: inclusive o amor, o amor ao próximo, etc. Parece que, atualmente, a espontaneidade e a ética cavaram juntas o seu túmulo.O filme "Pink Floyd - The Wall", não apenas inspira perguntas como estas, como também encerra em seu bojo muitas respostas para as perguntas que levanta, ao aboradar temas como os horrores das guerras, sobre os preconceitos raciais, as injustiças sociais, a intolerância das ditaduras, das ilusões dos relacionamentos tradicionais, enfim, o filme acaba sintetizando de modo brilhante as frustações da nossa complexa civilização moderna - e a atual incapacidade do homem em estabelecer sua identidade humana de maneira não fragmentária. O filme é tão popular entre os jovens, pois constitui igualmente uma crítica ferrenha ao autoritarismo em todas as suas formas; além de constituir uma crítica radical ao sistema de ensino tradicional, especialmente ao sistema educacional inglês da década de 40 - cujos princípios e métodos neurotizantes de adestramento remetem à frieza e à morbidez da Era Vitoriana. Podemos observar, ainda nos dias de hoje, os resquícios desta educação excessivamente tradicional e obsoleta que, amparada por um persistente autoritarismo patriarcal, apresenta sintomas visíveis de desmantelamento. Não obstante, as antigas estruturas ainda coexistem com as emergentes e contribuem apenas para causar muitos estragos na mente das pessoas.Para ilustrar o que seria uma "muralha psíquica", definindo o seu gradativo processo de construção individual, tijolo por tijolo, tomei a liberdade de utilizar um texto de José Carlos EbLing - escrito logo após o lançamento do filme na revista Mocidade, número 309, de 1983.O MURO - POR JOSÉ CARLOS EBLING"Ele nasceu como toda criança normal, em um lar igual aos demais. Sem muita alegria por ele haver nascido, sem muito entusiasmo pelas coisas novas que um bebê aprende a fazer e a dizer, sem muito afeto, carinho ou estímulos. Afinal, todos precisavam sair correndo para o trabalho diariamente, as contas venciam cada mês e precisavam ser pagas. Quem pode arriscar-se a perder o crédito hoje em dia?Ele foi criado pela empregada. Ou melhor, por várias empregadas ao longo de sua infância: pela televisão, pela creche, pelos garotos da rua onde morava e, para dizer a verdade, até mesmo por sua própria mãe.Ainda criança pequena, ele gritava do berço chamando alguém e a empregada gritava: ´CALA A BOCA!!!´. e um muro começou a ser construído entre ele e o resto do mundo. Os gritos da empregada já não importavam. Afinal, eram só mais um tijolo no muro!Os meninos da rua riam dele. Feio, desajeitado e burro. Era o que pensavam a seu respeito. ´Não faz mal´, pensava ele. Afinal, era só mais um tijolo no muro!Aos quatro anos o pai desapareceu. Viajou e levou tudo, até mesmo a alegria e o sorriso do garoto. A mãe nã quis dar muita explicação. Certamente, ele já havia percebido algumas discussões em casa, depois o silêncio gelado à mesa, quando chegavam a tomar juntos a refeição. Ele sentiu falta, muita falta. Mas foi vivendo, assim mesmo. Afinal, era apenas mais um tijolo no muro...Aos seis anos ele foi para a escola. Demorou para ser alfabetizado e a professora deixou claro que não tinha tempo a perder com alunos distraídos. Ele temia ser chamado à frente para ler. Era lento nos exercícios de classe, mas a professora não podia esperar mais. O resultado eram notas baixas.Certo dia, ele entreouviu a conversa da professora com o diretor. Falavam a seu respeito. "Ele não tem jeito. Não creio que deva continuar nesta escola". Ele ouviu e afastou-se, cabisbaixo. Foi para casa sozinho, como sempre. Chegou em sasa e tocou a campanhia, mais por hábito do que para querer anunciar a sua chegada. Como de costume, não havia ninguém. Ele sentou-se na escada pensando na professora. "Não faz mal", pensou. Era apenas mais um tijolo no muro...Ao entrar na adolescência, apaixonou-se pela garota mais bonita da escola. Pensava nela ao ouvir as canções de amor no rádio, e a noite sonhava com ela. Mas não tinha coragem de dizer isto a ninguém.
Resolveu, entretanto, escrever-lhe um bilhete. Para quê?! Ela contou às colegas e todos riram dele. Ele corou de vergonha, pavor, ódio, ou uma mistura de tudo. E mais tijolo foi posto no muro.
O exército seria a resposta. Iria fazer carreira militar, ser homem de verdade e todos o respeitariam.
Alistou-se. Fez os exames, pediu ao sargento que o deixasse servir, mas foi dispensado por excesso de contingente.
Mais um tijolo no muro!O muro já estava crescido, enorme, intransponível, formando uma sólida barreira entre ele e as pessoas; entre Deus e ele próprio.
O muro começou a servir de pretexto para deixar de tentar ou ´ir levando´.
Viver o momento presente sem grandes pretensões; aceitar tudo o que a vida teria a lhe oferecer, sem tentar alterar coisa alguma. Satisfazer aos próprios desejos e não se envolver com outros, a ponto de ajudá-los. Ele chegou a definir a vida como algo sem graça. Desespero não seria bem o termo exato, mas desesperança. (...)" - a continuar como conclusão finaldo trabalho.A SINOPSE DO FILME Resumidamente, o filme conta a história de Pink - um astro de Rock que, devido às dificuldades de sua vida, desenvolve o que tecnicamente arriscaria diagnosticar como um quadro avançado de esquizofrenia, agravado (ou amplificado) pelo uso de drogas.
Pink tem uma infância afetivamente complicada, em que sofre tremendamente com a morte do pai - que, com os demais aliados, defendia a pátria Britânica na Segunda Grande Guerra contra os horrores provocados pelas ditaduras nazi-facistas e pelo Império Nipônico (o Eixo). Rogers Waters não declara oficialmente que o filme seja um autobiografia, porém, em uma de suas músicas, Rogers Waters escreve:
"Daddy´s flown across the ocean Leaving just a memorySnapshot in the family albumDaddy what else did you leave for me?"Uma versão adequada para o português seria:
Papai voara através do oceano/ deixando apenas uma memória/Um vazio nos álbuns de família/ Papai o que mais você deixou pra mim?
O que nos leva a crer que, de certa forma, o filme é uma espécie de desabafo do artista, frente à dura realidade causadas pela privação do elemento masculino na sua criação. Um desabafo nada sutil, mas silencioso...Pink cresce, portanto, sem a figura masculina por perto, ficando sob os cuidados de sua mãe: uma mulher gorda, bastante feia, e extremamente superprotectora, em todos os sentidos.
Sem a menor sombra de dúvida, estes fatos constituíram claramente os tijolos iniciais para o começo da construção de sua própria muralha psíquica. A mãe de Pink -patologicamente superprotetora -
é capaz de sufocálo apenas com seu olhar que era, ao mesmo tempo, contraditoriamente tenro e autoritário: pois, ao mesmo tempo em que ela era sua provedora absoluta, parecia não permitir que ele tivesse personalidade própria ou autonomia para realizar algum intento por conta própria.
Na seguinte letra da música "Mother", da trilha sonora do filme, podemos constatar:"Mother do you think they´ll drop the bomb?
Mother do you think they´ll like this song?
Mother do you think they´ll try to break my balls?
Mother should I build the wall?
Mother should I run for president?
Mother should I trust the government?
Mother will they put me in the firing line?
Mother am I really dying?
Hush now baby, baby, don´t you cry!!
Mother´s gonna make all your nightmares come true
Mother´s gonna put all her fears into you
Mother´s gonna keep you right here under her wings:
She won´t let you fly, but she might let you sing
Mama will keep baby cozy and warm...
Oooh, baby! Ooooh baby! Ooooh baby...Of course: mama´ll help to built the wall!
Mother do you think she´s good enough?
To me...Mother do you think she´s dangerous?
To me...Mother will she tear your little boy apart?Mother will she break my heart?
Hush now baby baby don´t you cry!
Mama´s gonna check out all your girlfriends for you
Mama won´t let anyone dirty get through
Mama´s gonna wait up unitl you get in
Mama will always find out where you´ve been
Mama´s gonna keep baby healthy and clean
Ooooh, baby! Ooooh, baby! Ooooh, baby!You ´ll always be baby to me!!
Mother did it need to be so high?


Bom Dia!!!


O sol começa a se mostrar no horizonte...
a claridade invade o meu ninho...ainda me sinto um pouco enferrujada...é natural... acabei de passar pela minha segunda renovação... sou uma águia teimosa... não quero me entregar para a idade... insisto na mocidade... tento um vôo no espaço... apesar do corpo dolorido... estou voando...lá em baixo é primavera...ensaio um vôo rasante... depois de tantos dias de repouso... é empolgante... entro num bosque...como é bom ouvir novamente o som de uma floresta... a bicharada com seus ruídos...é uma festa...um esquilo olha para mim...parece dar um sorriso... antes de sumir por tras daquele galho...os pássaros gorjeiam... o sol penetrando entre os galhos...nesgas de luz marcam a paisagem...é um mundo encantado...quantas saudades eu tinha dos meus vôos virtuais... na minha mente... sempre foram lindos...sempre reais...no riacho... ouvindo o barulho... da água caindo sobre as pedras... bebo um gole d'água... os peixinhos bailam perto do meu bico... me dizem... bom dia...preciso voltar ao meu ninho...o café da manhã me chama...acordem vocês também...recebam o meu carinho...recebam o meu...BOM DIA!!!
:o))

:o)))


Um dia sem ti
O passaro não canta
O sol não sorri
A alma não se levanta
Tenho-te a ti
Longe e não te vejo
Sei que estas ai
Ver-te é o meu desejo
Espero pelo amanhã
A noite não dorme
Logo pela manhã
Vejo uma flor
Vejo-te a ti!!!