terça-feira, 26 de outubro de 2004

O MAR, UMA TARDE E UM ADEUS!..

Nesse mar, que já foi meu
E que escondeu os meus segredos,
Deixei parte do meu ser,
Aprendi o verbo amar. . .
Quando, sem medo
De me apaixonar por ele,
Fiz toadas das mais belas,
Fiz cantigas de embalar. . .
Suas ondas envolviam-me
E faziam-me menina. . .
Assim, todo o meu destino
Entreguei-lhe, passo a passo.
E foram tantos abraços
À penumbra do luar. . .
Mas, uma tarde e um adeus
Puderam testemunhar
Um vulto se afastando
E o outro a soluçar. . .
Minh'alma partiu pra longe
E a dele ficou no mar.
Hoje, a brisa marinha
De tudo já se esqueceu. . .
Desconhece o sorriso
E os cabelos que eram seus;
E nem lembra dos sussurros,
Das lágrimas, do adeus. . .
Nosso barco já ancorou
No porto da solidão.

Os ventos já carregaram
Os acordes da canção,
As palavras que dissemos,
As juras e as quimeras. . .
E tudo isso dilacera
O meu plangente coração!
Mas, num esforço transcendente,
Meu peito quase incendeia
Quando, inexplicavelmente,
Posso ver, ao meu dispor,
Tatuado ainda na areia
O rosto do meu amor!

Rubenio Marcelo

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