quinta-feira, 1 de setembro de 2005

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Pior do que a voz que cala,é um silêncio que fala.Simples, rápido!E quanta força!Imediatamente me veio à cabeça situaçõe sem que o silêncio me disse verdades terríveis,pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.Um telefone mudo. Um e-mail que não chega. Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca. Silêncios que falam sobre desinteresse,esquecimento, recusas. Quantas coisas são ditas na quietude,depois de uma discussão. O perdão não vem, nem um beijo,nem uma gargalhada para acabar com o clima de tensão. Só ele permanece imutável,o silêncio, a ante-sala do fim. É mil vezes preferível uma voz que diga coisas que a gente não quer ouvir, pois ao menos as palavras que são ditas indicam uma tentativa de entendimento. Cordas vocais em funcionamento articulam argumentos,expõem suas queixas, jogam limpo. Já o silêncio arquiteta planosque não são compartilhados.Quando nada é dito, nada fica combinado. Quantas vezes, numa discussão histérica,ouvimos um dos dois gritar: "Diz alguma coisa, mas não fica aí parado me olhando!" É o silêncio de um, mandando más notícias para o desespero do outro. É claro que há muitas situações em que o silêncio é bem-vindo.Para um cara que trabalha com uma britadeira na rua,o silêncio é um bálsamo.Para a professora de uma creche,o silêncio é um presente. Para os seguranças de um show de rock,o silêncio é um sonho. Mesmo no amor,quando a relação é sólida e madura,o silêncio a dois não incomoda,pois é o silêncio da paz. O único silêncio que perturba,é aquele que fala. E fala alto. É quando ninguém bate à nossa porta,não há emails na caixa de entrada não há recados na secretária eletrônica e mesmo assim, você entende a mensagem.

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