quinta-feira, 21 de julho de 2005

Partida...


Olhei para fora,vi o vento despentear as árvores nervosas.
Uma fina garoa caía sobre o rio,encrespando suas águas acinzentadas ...
Contra a paisagem deprimida, teu vulto assemelhava-se à sentinela solitária, impassível na despedida,escondendo suas feridas e suas lágrimas...
Encostei meu rosto na superfície fria do vidro da janela,tentando capturar tua imagem para sempre,tatuar tua figura na retina dos meus olhos inconformados ...
O comboio começou a andar.
Lentamente o céu foi ganhando uma dimensão irreal atrás de ti .
Tuas mãos erguidas pareciam pássaros feridos, sangrando gestos resignados,sentimentos vencidos pela dor da vida. O frio gelava meus dedos crispados sob a luva,enquanto um outro frio invadia as entranhas da minha alma,como se a distância que apagava teu vulto também apagasse a vida dentro de mim ...
Encostei minhas mãos aflitas na janela,tentando deter-te, reter o tempo, parar o mundo,mudar a história dos meus dias ...
Mas tudo era em vão.
Nada foi possível.
Num instante fugaz, sumiste do arco dos meus sonhos, desapareceste na curva do caminho, assumiste a proporçãode um momento cravejado de momentos eternos ,quando o para sempre necessita render-se ao nunca mais ... .

Sem comentários: