segunda-feira, 25 de julho de 2005


Observo a caixa de ébano entalhado, onde a noite expõe suas relíquias... .
Vejo as nuvens migrarem,deslizando no tapete azul-marinho,passando em bandos semitransparentes, vultos iridescentesque camuflam a vastidão do céu escuro ...
Sob o reflexo amarelado das luzes que lavam as calçadas,as árvores parecem esculturas douradas, sentinelas imponentesa resguardar o berço das pequeninas fadas que se escondementre tufos de folhas .
Há um misterioso silêncio que lembra a profundidade dos lagos serenos cheios de encantos submersos ...
Passos distantes ressoam na rua deserta, denunciando pressa.
Raríssimas janelas estão acesas, pois é hora do sono que embriaga os sentidos e carrega o espírito para outras esferas.
Da varanda, aspiro o ar noturno com suas fragrâncias deliciosas,sinto a brisa fria arrepiar minha pele, mergulho nas sombras
repletas dessa magia singular .
Minha alma está alerta, ávida por esses sentimentos que o bôjo da noite nos traz, ansiosa por ouvir os acordes preciosos que a mãos dos anjos dedilham suavemente, além do horizonte,entre as pregas do infinito, amparada nos braços do tempo...
É madrugada !
Sinto que os meus sonhos alçam vôo,minhas ilusões ganham asas,enquanto vou desenhando a passarela cintilante das minhas esperanças preferidas.
Uma vez mais, observo a caixa de ébano entalhado,onde a noite expõe suas relíquias ...Certamente é ali que, com todo cuidado,vou colhendo a inspiração que escreve as minhas poesias...

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