A Funda
Arranquei à pele do peito, com os dedos ensangüentados, um retângulo perfeito de cem centímetros quadrados. Estendi-o ao sol a curtir a haurir uns raios que projetam certo incógnito elixir que os detectares não detectam. Depois de bem seco e rijo prendi-lhe, nos quatros cantos, quatro nervos desses tantos com que me franjo e me aflijo. Eis-me de funda na mão no mais ereto dos montes, devassando os horizontes com os pés bem presos no chão, as pernas em ângulo agudo para assentar com firmeza nessa dúvida de tudo tão certa como a certeza. Só, entre os fundibulários, no centro dos meus domínios, como o pastor dos Hermínios na defesa dos contrários, ponho na funda um poema de agrestes arestas vivas, e em rotações sucessivas de celeridade extrema, com todo o vigor do braço, como o vento em torvelinho, lanço o poema no espaço no seu exato caminho. * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * |
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