quarta-feira, 1 de setembro de 2004

Dor de Alma

Antônio Gedeão

Dor de Alma
Meu pratinho de arroz doce polvilhado de canela; Era bom mas acabou-se desde que a vida me trouxe outros cuidados com ela.
Eu, infante, não sabia as mágoas que a vida tem. Ingenuamente sorria, me aninhava e adormecia no colo da minha mãe.
Soube depois que há no mundo umas tantas criaturas que vivem num charco imundo arrancando arroz do fundo de pestilentas planuras.
Um sol de arestas pastosas cobre-os de cinza e de azebre à flor das águas lodosas, eclodindo em capciosas intermitências de febre.
Já não tenho o teu engodo, Ó mãe, nem desejo tê-lo. Prefiro o charco e o lodo. Quero o sofrimento todo, Quero senti-lo, e vencê-lo.
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